Se o mundo um dia escrever nas paredes
Qualquer que seja o verso meu
Quero que escrevam apenas os que escrevi bêbado
Um dia que seja, apenas
Queria eu receber todo o afeto
Que usei pra afetar os papeis em que fiz
De caneta
Tudo aquilo que não podia ficar na cabeça
E ainda assim, se eu falasse, não chegaria aos
ouvidos
Dos desinteressados
Se o mundo um dia resolver pintar em camisas
Qualquer que seja a foto minha
Quero que pintem aquelas em que eu tiver cigarros
Queria eu ter o pulmão tão negro
Quanto o meu passado estranho
De todas as vezes em que vaguei pelas ruas
Sob uma gama de olhares fervorosos e ateus
Ruas essas de paredes nuas
Que um dia vestirei de versos meus